terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Novos Rumos

Essas férias foram fabulosas.
Acredita que, em 13 anos de formado, ainda não tinha tirado 15 dias ininterruptos para descansar?
Acabou acontecendo um súbito breque na correria do dia-a-dia, inclusive na correria mental a que eu estava submetido.
A reflexão produziu um repensar sobre vários projetos - acabei redefinindo as prioridades.
Ouvir sobre um contemporâneo de faculdade, o Lídio Toledo Filho - todo o drama que o cerca depois do bárbaro crime que sofreu. Um rapaz com todas as perspectivas de crescimento profissional e pessoal; agora paraplégico, correndo risco de vida na UTI, respirando com ajuda de aparelhos. De que adiantou, nesta hora, ser filho de um dos mais renomados ortopedistas brasileiros, ele também um grande ortopedista?
Isso tudo faz a gente ficar pensando na vida.
Deu saudade da época de faculdade e dos colegas de turma.
Sonhei com alguns deles esta noite. Estávamos à volta de uma mesa, cada um contanto o que tem feito. Curiosamente, estavam no sonho alguns com quem tinha pouco contato, e alguns grandes amigos estavam ausentes.
No Rio, encontrei alguns. Um deles disse que abandonou a medicina. Que está tocando alguns "negócios". Que motivo o teria levado a esta decisão?
Ainda ontem, entrei na página de uma clínica neurológica onde trabalhei no RJ.
Meu velho mestre Carlos Bacelar estava com sua foto estampada lá.
Antes de falecer de câncer, escreveu uns versos, que os filhos colocaram na web page da clínica.

"Meu jeito" (por Carlos Bacelar)

E agora, o fim está próximo;
E então eu encaro o último ato.
Meus amigos, eu direi claramente,
Declararei meu caso, do qual estou certo.
Vivi uma vida plena.
Viajei por cada uma e todas as estradas.
Mas, muito mais que isto,
Eu fiz do meu jeito
Arrependimentos, eu tive alguns;
Mas outra vez, muito poucos para mencionar.
Fiz o que eu tinha que fazer

E vi isso sem culpa.
Planejei cada curso;
Cada passo cuidadoso ao longo do meu caminho,
Mas, muito mais que isto,
Eu fiz do meu jeito.
Sim, houve vezes, eu estou certo que vocês souberam
Quando eu me excedi.
Mas mesmo assim, quando houve dúvida,
Eu engoli e desprezei.
Encarei tudo de cabeça erguida e mantive-me forte;
E fiz do meu jeito.
Amei, ri e chorei.
Tive minhas realizações; minha parte de perda.
E agora, enquanto as lágrimas correm,
Acho tudo isso tão divertido.
Pensar que eu fiz tudo isso;
E posso dizer - modéstia à parte,
"Não, eu não,
eu fiz do meu jeito".
Para que é o homem, o que ele conquistou?
Se não ele mesmo, então ele não tem nada.
Dizer as coisas que verdadeiramente sente;
E não as palavras de pessoas que se submetem.
Os arquivos mostram que tomei pancadas -
E reagi do meu jeito!


Nenhum comentário: