quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

As religiões não são capazes de melhorar o ser humano

Nos tempos de Jesus, o vinho não era envelhecido em barris de carvalho como hodiernamente. Usavam-se bolsas de pele de cabra, denominadas odres, para o processo de fermentação. Com o tempo, o conteúdo das bolsas se dilatava e a pele das cabras esticava, de forma que cada odre só podia ser usado uma única vez, pois caso se tentasse usá-lo novamente, ele se rasgaria, desperdiçando o vinho novo.


A humanidade está em busca de aprimoramento individual e social. Os livros de auto-ajuda, as palestras de motivação, e mais modernamente, os “coaches” tentam lapidar seus clientes objetivando maximizar as suas potencialidades mentais. Paralelamente, a filosofia, o misticismo, o esoterismo e as meditações transcendentais buscam o aprimoramento espiritual das pessoas.


Todos desejam ser indivíduos mais criativos, mais proativos, mais positivos. Há uma necessidade de aumentar o conhecimento geral, o equilíbrio, a inteligência emocional, enfim, de alcançar um status pré-divino por meio da evolução humana.


Muito antes de Guttemberg criar a imprensa, e de as livrarias estarem repletas de obras sobre como se tornar um ser humano “turbinado”, as pessoas já se preocupavam em fazer seus upgrades pessoais. E buscavam nas religiões algo novo que os pudesse preencher, ou pelo menos uma forma de aplacar as inclinações humanas ao erro.


Num dos discursos de Cristo, transcrito pelo evangelista Mateus, Jesus disse que a tentativa de colocar vinho novo em odre velho é inútil. Da mesma forma, tentar remendar um tecido velho com retalho novo é incoerente.


Em outras palavras, Jesus dizia que as religiões eram incapazes de adestrar o homem a novos hábitos, de forma a tornar a sociedade mais justa e feliz. Isto não é coisa que se consiga de forma artificial, simplesmente colocando algo novo no recipiente que permanece velho.


Pelo contrário, a fórmula para se recuperar a sociedade está na transformação completa do homem, tanto do seu interior como do seu exterior. Tanto o conteúdo quanto o continente. E isso só se alcança lançando-se fora o que o Apóstolo Paulo chamou de “velho homem”.


Talvez o meu dileto leitor acredite que seja difícil que alguém se torne completamente novo.

Nicodemos, um mestre do judaísmo também teve dificuldade de compreender isso. No encontro que teve com Jesus, Este lhe disse que lhe era necessário “nascer de novo”. Nicodemos respondeu a Jesus com outra pergunta: “como voltar ao ventre da minha mãe e nascer de novo sendo eu já velho?” a explicação do Filho de Deus foi que Ele estava se referindo a um nascimento espiritual, não de um novo nascimento carnal.


Amigo leitor, Deus não está interessado em fazer de você um sujeito melhor. Não deseja uma maquiagem sobre a natureza carnal, caracterizada por Paulo de Tarso como a “concupiscência”. Nosso Pai deseja encher o seu odre transformado com o vinho do sangue de Cristo. Deseja colocar os retalhos santos do Espírito para adornar o tecido da sua alma restaurada.


Em outra porção bastante conhecida da Bíblia, Deus fala por meio do escritor inspirado que “se alguém está em Cristo, este é nova criatura – as coisas velhas já passaram e tudo se fez novo”.

Tenha Deus liberdade de fazer de nós odres novos e que nos encha do seu vinho santo. Sejamos nós seguidores despojados de nossos valores humanos, e aceitemos os paradigmas divinos de transformação das nossas almas.