terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Língua ferina... Ou seria felina?


Acostumei a ouvir a expressão como “língua felina”. Achava que pelo fato de onças, leopardos e tigres, que compõem o grupo dos felinos serem animais selvagens e vorazes, a expressão estivesse correta. De um tempo para cá, comecei a ouvir “língua ferina”, que também fazia sentido semelhante pra mim, já se referindo às feras em geral, mesmo que de gêneros variados. Uma pesquisinha aqui na internet me esclareceu: a segunda forma é a correta.
Durante o carnaval, tive a rica oportunidade de ouvir um pastor que nos aprofundou sobre o uso da língua de acordo com a orientação bíblica. Minha triste constatação foi que temos mesmo órgãos ferinos.
Estudamos o 3º. Capítulo da Carta de Tiago. Os ensinamentos começaram falando sobre o fato de usarmos freios nas bocas dos cavalos e assim controlarmos todo o corpo do animal. Curiosa comparação, não é mesmo? Mais à frente, o escritor bíblico compara a língua a um pequeno leme, que controla um imenso navio. O ensinamento não poderia ser outro, senão, controle a própria boca para ter condição de controlar todo o resto.
Mais adiante, o texto compara a língua a um pequeno fogo, que pode incendiar toda uma floresta (nós aqui no Mato Grosso somos quem sabemos bem disso). Um boato, uma fofoca, uma “indireta”. Quantos estragos podem trazer!
Muito foi falado, inclusive, sobre a maledicência. Puxa vida, ouço esta palavra desde criança, mas nunca tinha esmiuçado o seu significado. Mas ela representa o “falar mal dos outros”. Seja verdade ou mentira. A Bíblia nos recomenda a abster-nos de falar mal dos outros.
O final do texto me deixa triste enquanto preparo este artigo. Tiago compara a boca com um manancial e diz que não existe possibilidade de uma mesma fonte jorrar água doce e amarga. Fico triste porque apenas um dia depois de ter ouvido a todos estes ensinamentos, usei minha fonte para falar duramente com pessoas a quem amo. E com um desconhecido também, com o qual quase me envolvi num acidente de carro esta tarde.
O segundo texto que estudamos encontra-se no 4º. Capítulo da Carta de Paulo aos Efésios, o qual ensina a não mentir e a não permitir que o dia termine antes que a ira tenha se desfeito. Na minha incapacidade para moderar minha fala conforme descrevi anteriormente, pelo menos consegui atender à segunda recomendação do apóstolo, a de me desculpar com minha família antes que escurecesse. Mas e o motorista do Gol prata? Terei oportunidade de pedir desculpas algum dia? Mas como diz a sabedoria popular, a palavra é como uma flecha, que uma vez lançada, não há forma de impedi-la, até que ela chegue ao seu destino (e às vezes, cause um estrago).
Seja Deus misericordioso comigo e com meus leitores (não citei, mas Tiago dizia em sua epístola que todos os seres humanos cometem falhas com relação à língua). E que a minha fonte jorre sempre água doce, palavras edificantes ao meu semelhante.
Troquemos as línguas ferinas, felinas, seja como for que você use a expressão, por línguas transformadas, renovadas, que manifestem a multiforme graça de Deus ao nosso próximo.

PS: Deixo o texto digitado também, pois foi necessário cortar parte dele para inserir no Jornal.

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