segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Sorteio de Terrenos em local sem infra-estrutura poderá institucionalizar a favelização de Tangará da Serra

Sempre dissemos e repetimos agora.


Não fazemos parte de um grupo que torce pra que tudo dê errado, o famoso PQPM (Partido do Quanto Pior, Melhor).

Mas não podemos nos furtar da obrigação de questionar se sortear terrenos a pessoas que não têm condição de construir, e em local sem infra-estrutura, não caracteriza a favelização da cidade avalizada pelo governo.


Veja:

Em entrevista a Silvio Sommavilla, o Sr. Prefeito Júlio César disse que, após o pagamento da 3a. parcela, os mutuários já poderão esticar seus "barraquinhos de lona" no terreno.

Barraquinho de lona, em local onde não existe água encanada, esgoto, luz elétrica, pavimentação ou transporte cria condições de que cidadãos vivam cercados pelas próprias fezes, com dificuldades de acesso a seus locais de trabalho, sujeitos a doenças como verminoses, desidratação, doenças respiratórias (imaginem estes cidadãos morando nas casas de lona num período de chuvas e vento).

Certo é que já existem as emendas parlamentares, dentre elas a do Deputado Bezerra, que garantiu R$1.100.000,00 para a rede de águas do loteamento. Mas não se sabe se a liberação dos recursos e a complementação da obra ocorrerá a tempo hábil para impedir a formação de uma grande favela no local.

Em outro ponto da entrevista, o Sr. Prefeito disse que as construções deverão seguir um padrão arquitetônico com qualidade mínima, previamente estabelecida. Cabe perguntar quem tiraria de um terreno alguém que por ele está pagando, pelo fato de a construção ter sido feita fora dos padrões? Veja o exemplo das invasões (ou apropriações, como queiram) feitas em propriedade privada pelos sem-terra: é quase impossível tirá-los dos acampamentos - quem dirá de um imóvel que está sendo pago pelo sorteado, mesmo que tenha sido construído sobre ele um barraco de lona, ou até mesmo se estiver ocupando parte do terreno do vizinho?