quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Mato Grosso é absoluto entre estados brasileiros onde a taxa de acesso à rede de esgoto diminuiu entre 1992 e 2006

Mato Grosso é o único estado do Brasil que teve queda na taxa de acesso à rede geral de esgoto quando comparados os números de 1992 e 2006. Os dados foram apresentados ontem no estudo da Fundação Getúlio Vargas “Trata Brasil: Saneamento é Saúde” e mostram que em 1992, 13,21% da população tinha acesso à rede de esgoto no Estado. No último levantamento realizado pelo IBGE, ano passado, esse percentual caiu para 12,43%, derrubando o Estado de 14º lugar no ranking dos estados brasileiros para 17º.
O estudo foi realizado pelo Centro de Políticas Sociais da FGV. Conforme o levantamento, se continuar no ritmo atual, a universalização do acesso ao esgoto tratado só ocorrerá em 2.122, “por volta do aniversário de 300 anos da Independência do Brasil”. Os pesquisadores apontaram que se forem levados em consideração as iniciativas em favor do saneamento nos últimos 14 anos, demorará cerca de 60 anos para reduzir pela metade o déficit de acesso ao esgoto.
Em contrapartida, Mato Grosso tem dois municípios que estão entre os que mais gastam com saúde e saneamento básico no país. O ranking destaca 50 municípios, conforme dados repassados pelo IBGE, levantados no item Perfil Municipal. Campos de Júlio (a 553 quilômetros a noroeste de Cuiabá) desponta no ranking feito pela equipe da FGV como a quarta cidade do Brasil que mais investe em saneamento e saúde, com R$ 665,82 por pessoa. Cuiabá também está no ranking, mas em 49º lugar. Em todo o Estado são investidos 3,55% do PIB com saneamento e saúde. Esse percentual coloca Mato Grosso em 18º lugar no ranking de investimentos baseado no PIB.
Para o prefeito de Campos de Júlio, José Odenil da Silva, saneamento básico e saúde são essenciais para a população e base para melhoria de vida de todos. O prefeito explicou que o município tem investido na expansão da rede de saneamento, porque quanto mais se gasta com saneamento, maior é a economia no atendimento à saúde. “A melhoria do saneamento influencia inclusive na educação. Por isso, nossa equipe de Vigilância Sanitária visita constantemente os moradores para checar as condições em que estão vivendo. Queremos mudar a cara da cidade para melhor”, disse José Odenil.
Também chama atenção na pesquisa a posição de Cuiabá entre as outras capitais brasileiras, quando comparada a taxa de acesso à rede de esgoto tratado, conforme dados do IBGE de 2000. Das 27 capitais, a de Mato Grosso é a 10ª com maior taxa, 52,67%. Belo Horizonte é a primeira do ranking, com 91,42% de população com acesso à rede de esgoto tratado. A capital de Rondônia, Porto Velho, está na outra ponta da lista, com apenas 8,24% de acesso da população à rede de esgoto.
Na lista feita somente para os municípios mato-grossenses, Cuiabá desponta como a primeira, seguida por Guiratinga, com 45,09% de acesso à rede de esgoto, Barra do Garças (36,84%), Rondonópolis (26,54%), Alto Araguaia (24,72%) e Mirassol d’Oeste (23,29%). Várzea Grande aparece em 10º lugar no Estado, com 11,17% de população com acesso à rede de esgoto tratado. Trinta e seis municípios não tiveram o percentual informado no ranking.
Segundo o estudo, a maior parte dos moradores atendidos pela rede de esgoto está nas áreas urbanas. Os moradores das áreas rurais que não estão em aglomerados, como assentamentos, representam apenas 1% dos têm acesso à rede de esgoto. As maiores taxas de acesso ocorrem na área urbana (54,6%), área rural de extensão urbana (40,7%) e no núcleo de aglomerado rural (37,1%).
No texto do estudo, a FGV observa que é importante ter em mente a inviabilidade do processo de universalização do saneamento num país de dimensões continentais como do Brasil. “Por outras palavras, o Brasil tem aproveitado pouco as economias urbanas de congregar a sua população em grandes metrópoles, onde o custo tende a cair. Ou seja, nossas maiores cidades estão inchadas, incorrendo nas deseconomias sem aproveitar as potenciais economias associadas”, traz no estudo.
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fonte: Diário de Cuiabá
grifo nosso

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